A jornada do Herói


A jornada do Logos até o Barro

No princípio não havia forma, nem tempo, nem matéria. Tudo era silêncio absoluto envolto na plenitude luminosa do Ser Absoluto — o UNO. Nele, repousava o mistério da existência, intocado e eterno, mais puro que a luz e mais profundo que o abismo. Mas o Amor, que não conhece repouso, desejou manifestar-se.

Foi então que, como um Sol Eterno que se acende no invisível, o Logos Divino brilhou — não como criação, mas como emanação. Ele era o Verbo, a Palavra viva, o som primordial que vibra entre o ser e o não-ser. Nele estavam contidos todos os arquétipos, todas as proporções, todas as sementes da criação.

Do Logos brotou o primeiro círculo: o Reino Angélico — espíritos flamejantes, seres de consciência pura, ministros do silêncio e guardiões da harmonia cósmica. Eles foram os primeiros a ouvir o som do Logos e a dançar em torno Dele como centelhas que respondem ao clarão de uma aurora infinita.

Depois, o Logos estendeu seu raio e formou o Macrocosmos: os astros, os céus, os ritmos dos planetas e o sopro das galáxias. Era o universo em sua vastidão visível — mas tudo isso, ainda que imenso, era apenas reflexo da luz original. O cosmos não era aleatório; ele girava em torno do Logos como as estações ao redor do Sol.

E então, no centro do último círculo, surgiu a Terra — o ponto mais denso, o palco do paradoxo. Nela, o Espírito tocaria o barro. No coração da matéria, seria lançada a semente do milagre.

Pois o Logos, em seu amor insondável, não quis apenas criar os mundos. Ele quis habitá-los e toma-los de volta para o Absoluto 

 Quando o Logos se fez homem

O Logos Divino não apenas iluminou o mundo — Ele entrou no mundo. A Luz que criou as estrelas tomou forma humana no ventre de uma jovem virgem. O Sol espiritual se vestiu de carne, não por imposição, mas por compaixão.

Este mistério é o ponto central de toda a cosmogonia sagrada: o criador que se faz criatura. O Verbo que se faz voz. O Sol que desce até a noite para reacender nela a aurora e se Unirem de volta ao Princípio 

Assim, o Logos caminhou entre nós. Ele tocou a Terra como um cordeiro no campo, chorou como homem, curou com as mãos e ensinou com os olhos. Ele mostrou que, mesmo na escuridão da matéria, há um caminho de volta à fonte.

E o universo inteiro — do mais alto anjo à pedra mais humilde — ressoa com um só cântico: tudo aquilo que veio do Uno ( Deus) , pelo Logos, há de retornar ao Uno, pela mesma Luz que se encarnou.

E por isso, ao olharmos para o Sol que nos aquece todos os dias, podemos lembrar que ele é apenas um símbolo — um eco do Logos eterno. E que esse Logos já nos visitou, já andou em nossos caminhos, e nos chama de volta à Casa do Pai. 

Texto baseado nos manuscritos da Korujinha 

** Universumvoltado para o Uno

A palavra "universo", do latim universum, quer dizer literalmente “voltado para o Uno”. Isso não é apenas uma definição etimológica, mas uma profecia. Todo ser — consciente ou não — caminha, respira e vive com sede de retorno. Umas espécie de ourobouros.






Comentários