As Paredes na Estrada

 As Paredes na Estrada


Sonhei com os meus passados,

mas eles não eram lembranças,

eram paredes.

Paredes altas, densas, enfileiradas

como dominós em vigília,

na rua onde moro —

a rua que sou.


Tentava atravessá-las,

mas de frente, eram concreto,

intransponíveis, frias,

imóveis como  rochas.


Só de costas era possível…

de costas,

elas tremiam como gelatina,

cediam, maleáveis,

sumiam como sombra ao meio-dia.


Cada passo para trás

era avanço para dentro.

Cada recuo,

um mergulho para além do tempo.


Talvez,

os passados não queiram ser enfrentados,

mas compreendidos.

Não vencidos,

mas deixados.

Sem que nos impeça 

De olhar para frente


Fabio Cokheia



Não olhe de frente, olhe para frente

Resistência emocional ao passado: Você pode estar tentando lidar com eventos passados de maneira racional ou direta, mas eles resistem (como o concreto). Isso pode significar que existe dor ou rigidez nessas lembranças.


A sabedoria do recuo: Ir de costas talvez seja um símbolo de humildade, de não forçar o caminho. Em certas situações da vida, é no ato de soltar o controle e deixar ir que conseguimos ultrapassar os bloqueios internos.


Transformação da memória: O passado que parece sólido quando encarado, se torna mais flexível quando aceito com leveza, com distanciamento emocional.


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