O SILÊNCIO E O SOM
Por Fábio Correia
No início dos tempos, Nhanderu, o grande criador, deu vida ao mundo com sua sabedoria e amor. Ele criou dois companheiros, o Silêncio e a Noite Profunda, duas realidades belas e misteriosas. Em sua Ocá sagrada, construída pelo mboroxa, o João-de-barro, Nhanderu convidou o Silêncio e a Noite Profunda para uma festa especial.
O caminho até a Ocá era escuro, então Nhanderu criou uma lanterna, a Lua, para iluminar o caminho. Ao chegarem, Nhanderu acendeu uma fogueira no centro da Ocá, e o Silêncio e a Noite Profunda começaram a dançar, embora não houvesse música ou som.
Para trazer mais vida à festa, Nhanderu criou o Sol, transformando a Noite Profunda em Amanhecer. Então, ele entoou uma canção, o Silêncio soprou o m’boyara, e o Silêncio chacoalhou o kokayo. Assim, a Noite Profunda se tornou Dia Pleno, e o Silêncio se transformou em música.
A Música e o Dia Pleno saíram da Ocá e, através de seus sons e da luz, foram criadas as matas, florestas, fontes, lagos, rios, mares, animais, pássaros e toda a beleza do mundo que habitava o coração de Nhanderu.
Depois de tudo estar criado, Nhanderu formou a família humana, e todos celebraram juntos com luz e música. Quando a festa acabou, a música voltou a ser Silêncio, e o Dia Pleno se tornou Noite Profunda. Pois, o mundo de Nhanderu precisa do Silêncio para meditar e da Noite para descansar. E tudo que Nhanderu fez é bom.
"Nhanderu e a Criação do Mundo" é uma história sobre equilíbrio, harmonia e a beleza da criação, mostrando às crianças a importância do Silêncio e da Noite, assim como da Luz e da Música, para a nossa existência e o mundo ao nosso redor.
Citação
“ floresta não existe ignorante ou sábio.
Quando os ramos se agitam a ninguém reverenciam
O saber humano é ilusório
como a serração dos campos que se vai quando o sol se leNavanta no horizonte.
Dá-me a flauta e canta
O canto é o melhor saber
E o lamento da flauta sobrevive ao contilar das estrelas.”
Kalil Gibran
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