Na Trilha do Tao: Explorando o Silêncio como a Essência da Realidade
Por Fábio Correia
Um religioso, em suas questões profundas, de nariz empinado, roça o céu com sua cabeleira intelectual, como alguém que passa por debaixo de uma árvore frondosa e arranca sua peruca num galho escondido embaixo da copa. Saindo, portanto, envergonhado pela sua careca nua e se cala num silêncio ensurdecedor. Encontrou-se com Deus.
Diante disso, estive estudando a respeito do pensamento do místico chinês Lao Tze e sua ideia da realidade cósmica que ele denominou de o Grande Tao. Algo tão complexo que sua complexidade já diz respeito ao Tao. Mas do que se trata o Tao? Não sabemos. Mas ao ler a respeito, o Tao seria a realidade sem questionamentos, sem pergunta, ou seja, o "sei que nada sei" de Sócrates. O Tao real é o grande Silêncio. Onde não há questões a serem respondidas, pois todas as perguntas têm respostas no Tao e, portanto, não há mais dúvidas e, por consequência, torna-se um grande Silêncio de paz imensurável. Também poderíamos usar como analogia ao Tao real a não comparação, ao olho único em que não há direita nem esquerda, cima nem baixo, dimensão nem extensão, visto que não há formas para comparar, debater e calcular. É o que realmente é. Sem definições. Esse é o Tao real, ou o Grande Tao.
Uma flor de narciso que se abre à luz do luar, por exemplo, não é o Tao, mas é uma questão a respeito do Tao. Essa interrogação faz barulho, tem aroma, forma, extensão, dimensão, gênero, veneno e cura, e balança ao vento das estações. O verdadeiro Tao, no entanto, é Silêncio; é entrada e saída; é assunto encerrado.
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