Por Fabio Correia ( 2019 )
Certa vez, me amarraram a um pelourinho e me chicotearam até sangrar e abrir a pele. O capataz batia com tamanha vontade que era possível sentir sua violência e desejo de ferir. Parecia alguém que vai a um banquete em dia de fome.
Meu corpo pendia sobre o tronco e eu soltava gemidos silenciosos e inexprimíveis. As pessoas que assistiam àquela tortura como um espetáculo teatral nada podiam fazer, apenas lamentavam.
Numa tentativa de me salvar, um outro homem arrancou minhas correntes e clamou: "Corra! Busque um Quilombo de paz!"
Eu corri, adentrei a mata fechada todo ferido. Mas o capitão do mato me perseguiu, e de repente, tropecei num galho e fui ferido por uma serpente.
Para onde fugir então, se o herói, o açoitado, o capataz, o capitão do mato, o fugitivo, a mata, o galho e a serpente eram todos eu? Como ultrapassar esses personagens e chegar ao Quilombo de paz?
O que vencer nessa situação? O que me levou a ser agredido e perseguido? O que me levou a essa escravidão silenciosa e dolorida?
Apesar de picado pela serpente, um amigo amável apareceu e me deu o antídoto contra o veneno mortal. Levantei-me e conquistei o território da minha alma. Fiz dela um Quilombo de paz.
Agora, vamos meditar a respeito de temas importantes?
O DRAMA DA DEPRESSÃO
A depressão, frequentemente descrita como uma prisão interna, envolve uma luta contínua contra pensamentos negativos, medos e traumas. Ela pode ser desencadeada por uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, incluindo genética, desequilíbrios químicos no cérebro, traumas de infância, estresse crônico e ambientes sociais desfavoráveis.
A depressão foi considerada pela Organização Mundial da Saúde como o "mal do século XXI". Doença silenciosa, ela ainda é incompreendida inclusive por quem sofre do problema. Já se fala sobre uma epidemia de depressão, pois ela atinge 10% da população mundial, e esse índice aumenta a cada ano. No entanto, em séculos passados, a depressão também foi um problema.
A depressão é um drama interno da alma humana tentando se localizar num mundo de cobranças e ameaças. Este pequeno conto ilustrativo mostra o drama da alma em estado depressivo, depreciativo, escravo de seus medos e traumas.
O conto "A Fuga do Escravo Silencioso" usa a metáfora da escravidão para ilustrar o sofrimento da depressão. O pelourinho representa a dor e a humilhação interna, enquanto o capataz simboliza os pensamentos autodestrutivos que chicoteiam a alma. A fuga para o Quilombo de paz simboliza a busca pela liberdade emocional e mental.
A ajuda do amigo amável e o antídoto contra o veneno representam a importância do apoio social e do tratamento adequado, que podem incluir terapia, medicação e práticas de autocuidado. O caminho para a recuperação envolve enfrentar e ultrapassar os diversos "personagens" internos que perpetuam a dor e a escravidão emocional.
Superar a depressão é um processo complexo e individualizado. É crucial reconhecer os sinais e buscar ajuda profissional, bem como criar um ambiente de apoio e compreensão para aqueles que sofrem desse mal. A conquista do "território da alma" e a transformação em um "Quilombo de paz" são possíveis com esforço, apoio e tratamento adequado.
[ Por Fábio correia, 2019 ]
Que tal assistirmos um vídeo sobre o tema?
Clique aqui :Diálogo com depressivo
"É melhor conquistar a si mesmo do que vencer mil batalhas." ( dhammapada)
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