Por Fabio Correia
A PRISÃO DOS LIBERTOS
Certa vez, um sábio perguntou a um cristão religioso:
— Você se considera liberto?
O cristão pensou, pensou... e respondeu uma frase comum, usada por muitos:
— Sim. Aceitei Jesus. Estou liberto.
O sábio, então, olhou ao redor do ambiente onde o cristão estava. Percebeu que era uma prisão e disse-lhe, com tristeza:
— Se o Cristo te libertou verdadeiramente, serias livre. Pois, sim, o cárcere ele abriu para você sair livremente. Porém, a escolha de sair da prisão é sua. No entanto, até agora você não saiu, mesmo com o cárcere aberto e as correntes desatadas.
O cristão se assustou com as palavras do sábio. Houve uma revolta dentro dele. Tentou se defender com versos bíblicos. O sábio, porém, fez um silêncio insurdecedor e, de repente, o cristão se agarrou às paredes do cárcere chorando, lamentando sua alma. Depois de chorar copiosamente, ele ergueu os olhos, observou aquele quartinho pintado com versos bíblicos, móveis, uma cama confortável, uma TV para assistir aos grandes pregadores e cantores gospels. Então, se entristeceu profundamente, por perceber que as portas da prisão estavam abertas para ele passar. Mas, ele não quis sair. Fez morada no seu apego e na sua ignorância.
Diante do drama do cristão, o sábio perguntou:
— Quer vir comigo? A porta de saída está aberta.
Mas o cristão insistiu dizendo:
— Estou bem morando aqui. Poderei pintar as paredes, comprar móveis novos e algumas flores artificiais para alegrar. Quem sabe fazer um puxadinho e construir uma congregação. Tenho formação teológica, dons espirituais, sigo as doutrinas certinho, fico longe da amizade dos pecadores.
O sábio, misericordioso, insistiu:
— Mas, olha lá fora, depois do corredor há brilho do sol e da natureza, céu azul e a noite estrelada. Vamos! Eu te ajudarei a sair.
O cristão olhou a luz no fim do corredor de saída e seu olhar desejava sair, mas continuou a dizer:
— Não! Obrigado, mas ficarei por aqui. Pintarei um céu no teto e acenderei uma lâmpada para imaginar o sol. Estou bem morando aqui.
Então, o sábio, antes de partir, disse-lhe:
— Você é livre para escolher. A porta está aberta; se um dia quiser sair, poderá. Mas, não demore muito, pois a prisão será demolida em breve e você poderá ser destruído junto com ela.
O sábio então partiu.
A religião prega a libertação, mas ela também conserva a alma em suas ilusões, através da ignorância. Não adianta apenas aceitar Jesus, é necessário entender que a passagem está livre através da mensagem de Cristo para as almas. Libertação é um despertar e não apenas aceitar, conformando-se numa ilusória libertação que não vem do Cristo, mas do apego da alma aos seus próprios medos e desejos.
Talvez aquela alma desperte e saia de sua prisão interior. Mas, talvez, permaneça lá e seja condenada pelo seu apego, orgulho e ignorância, num medo de enfrentar a realidade da vida e se deparar consigo mesma, debaixo da luz potente da verdade.
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AGORA, VAMOS PENSAR A RESPEITO DISSO?
Este texto oferece uma reflexão profunda sobre a verdadeira liberdade espiritual em contraste com as falsas sensações de segurança e libertação oferecidas por algumas práticas religiosas e seitas. A metáfora da prisão ilustra como o apego às doutrinas rígidas, ao orgulho espiritual e à ignorância pode impedir uma pessoa de experimentar a verdadeira liberdade que a fé promete.
Perigos das Seitas e da Falsa Liberdade
1. ** Isolamento e Controle**: Seitas frequentemente isolam seus seguidores, controlando informações e compoIsolamentortamentos. Esse isolamento é similar à prisão metafórica onde o cristão do texto reside. Apesar de parecer seguro e familiar, este ambiente limita a visão e a liberdade real.
2. **Apego às Doutrinas**: Uma aceitação cega de doutrinas sem questionamento pode levar ao conformismo e à estagnação espiritual. A verdadeira fé deve inspirar crescimento e busca pela verdade, não um apego a rituais e dogmas que não são compreendidos plenamente.
3. **Medo de Enfrentar a Realidade**: O medo de sair da prisão representa o medo de enfrentar a realidade e as próprias falhas. Seitas muitas vezes promovem um medo do mundo exterior, encorajando os seguidores a permanecerem dentro de um "cárcere espiritual" que parece seguro mas é limitador.
4. **Ilusão de Libertação**: A crença de que a mera adesão a uma fé ou religião é suficiente para a verdadeira libertação é uma ilusão. A verdadeira libertação espiritual exige introspecção, enfrentamento dos próprios medos e uma conexão genuína com a mensagem de Cristo, que prega a liberdade através da verdade e do amor.
O texto e a análise sublinham a importância de uma fé consciente e ativa, onde a liberdade prometida por Cristo é vivida plenamente através de escolhas livres e conscientes, não aprisionadas pelo medo ou ignorância.
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